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2012 - Livro Vermelho 2013

Attalea funifera Mart. NT

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 31-05-2012

Criterio:

Avaliador: Pablo Viany Prieto

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Attalea funifera ocorre ao longo da costa Atlântica, da Bahia a Alagoas. Apesar de frequente ao longo da sua distribuição, a espécie é alvo de um intenso extrativismo, formando a base de toda uma cadeia produtiva. Esse fator, somado à degradação do seu habitat em algumas áreas, pode fazer com que A. funifera venha a ser ameaçada no futuro.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Attalea funifera Mart.;

Família: Arecaceae

Sinônimos:

  • > Attalea acaulis ;
  • > Lithocarpos cocciformis ;
  • > Sarinia funifera ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Espécie descrita na obra Syst. Veg. (ed. 16) [Sprenge] 2: 624. 1825. Conhecida popularmente como "piaçava", "piaçaveira", "piaçava-da-bahia" (Lorenzi et al., 2010).

Potêncial valor econômico

Guimarães (unpublised data) elaborou trabalho com dados provenientes do IBGE que indicam que o comércio da fibra proveniente das folhas de Attlea funifera movimentou cerca de R$ 103,101 milhões por ano entre 2004 e 2009. Apesar da produção de 2009 ter sido de 72.232 t, apenas 169,53 t foram exportadas, indicando que a demanda do mercado nacional é muito grande. O autor ainda afirma que cerca de 1847 produtores participam do processo de cultivo e exploração do recurso, ajudando na movimentação econômica de várias cidades. Até 2002, os principais importadores da fibra de piaçava eram Portugal, Alemanha e Holanda, seguidos de Estados Unidos, Inglaterra e Bélgica (Silva, 2002).

Dados populacionais

Segundo Silva (2002) a maior concentração populacional da espécie está no município de Cairu. O autor afirma que o povoamento da espécie no município atinge 2.690 ind/ha, seguido por Ilhéus com 1.626 ind/ha e Canavieiras com 700 ind/ha. Ainda menciona que por ser uma espécie espontânea, o número de o número de indivíduos por unidade de área varia consideravelmente de um local para outro, pois a variabilidade está relacionada com a distribuição natural da espécie e com o grau de interesse dos proprietários rurais na sua exploração.

Distribuição

A espécie é endêmica do Brasil, de ocorrência na Mata Atlântica, nos Estados da Bahia, Alagoas e Sergipe (Leitman et al., 2012).

Ecologia

Palmeira de caule desde subterrâneo a 15 m de altura, atingindo 30 cm de diâmetro (variação que parece ocorrer em função do tipo de solo). No sul da Bahia os indivíduos são mais altos, o que não é observado ao norte do Estado, em Sergipe e Alagoas. Espécie com inflorescências estaminadas e andróginas na mesma planta (Lorenzi et al., 2010). De acordo com Silva (2002), uma das característica da espécie é ser uma planta bem adaptada a solos ácidos e de baixa fertilidade, considerados impróprios para outras culturas. O autor afirma que os indivíduos podem florescer durante todo o ano, mas o pico se dá no verão.

Ameaças

1.3.2.3 Large-scale/industrial
Detalhes Segundo Guimarães (unpublished data), a produção anual de piaçava no Brasil entre 2004 e 2009 foi:2004 - 96.173 t sendo 90% proveniente da Bahia;2005 - 86.550 t sendo 89,7% proveniente da Bahia;2006 - 80.942 t sendo 88,7%proveniente da Bahia;2007 - 82.096 t sendo 88,5%proveniente da Bahia;2008 - 78.167 t sendo 87,6%proveniente da Bahia;2009 - 72.232 t sendo 97,7%proveniente da Bahia.Dados provenientes do IBGE.Segundo Silva (2002), em 1980, somente o município de Cairu tinha uma participação de 40% da produção total da piaçava do sul da Bahia, seguidos pelo município de Nilo Peçanha, com 27%, Canavieiras, com 10% e Ilhéus, com 5%.

3.5.3 Regional/international trade
Detalhes Segundo Silva (2002), como não há cultivos perfeitamente racionalizados, grandes áreas já degradadas e com as condições edafoclimáticas ideias para o plantio dessa palmeira ainda não são aproveitadas. Guimarães (unpublished data) também cita que uma potencialidade é que a cultura de piaçava se torne cultura agrícola. Segundo ele, há 2 milhões de hectares aptas para a cultura.

8 Changes in native species dynamic
Detalhes Segundo Silva (2002), uma preocupação é a forte erosão genética que populações naturais da espécie vêm sofrendo, principalmente por influências antrópicas causadas por empreendimentos imobiliários nos municípios com potencialidade turístico, a exemplo de Ilhéus, Valença, Itacaré e Porto Seguro.

9.1 Limited dispersal
Detalhes Segundo Silva (2002), como os roedores de pequeno porte, que são responsáveis pela dispersão das sementes, já são escassos e existe a predação dos frutos maduros pelos bruquídeos, a dispersão natural de Attalea funifera é, hoje, praticamente impossível e só pode ocorrer com a intervenção do homem.

8.5 Pathogens/parasite
Detalhes Segundo Silva (2002) a cochonilha que ataca palmeiras em geral, Aspidiotus destructor,não provoca a morte, mas provoca atraso no desenvolvimento. O Rhynchophorus palmarum, conhecido como broca-da-ferida, comum em coqueiro, também ataca a espécie, podendo causar a morte.

8.2 Predator
Detalhes Silva (2002) cita que os frutos são atacados por insetos dos gêneros Caryoborus, Caryobruchos e Pachymeros. Esses insetos ovipositam em frutos caídos e as larvas inviabilizam a germinação.

Ações de conservação

3 Research actions
Situação: on going
Observações: Diversas são as frentes de trabalho tecnológicas direcionadas a estudos sobre a espécie, tais como: Estudos e pesquisa de órgãos a nível federal, estudos e pesquisas de órgãos a nível estadual, trabalhos de iniciativa privada, descobertas morfológicas, escolha de fruto para plantio, combate a pragas, nutrição, germinação de sementes entre outros (Silva, 2002; Guimarães, unpublished data).

1.2.1.2 National level
Situação: on going
Observações: A espécie foi considerada "Deficiente de Dados" (DD) na Lista vermelha da flora do Brasil (MMA, 2008), anexo 2.

3.6 Uses and harvest levels
Situação: on going
Observações: Segundo Guimarães (unpublished data), pelo fato de de não ser considerado produto agrícola, a exploração do recurso é considerada extrativismo (Silva, 2002). No entanto, hoje em dia, existem diversas áreas com plantio da espécie, exclusivamente para a exploração da fibra.

4.2 Restoration
Situação: needed
Observações: De acordo com Silva (2002), por se tratar de uma espécie bastante adaptada a solos ácidos e de baixa fertilidade, pode ser considerada uma excelente opção de diversificação, podendo ser empregada no repovoamento florestal e na implantação de novos piaçavais tanto em áreas degradadas como em sistemas agroflorestais.

1 Policy-based actions
Observações: Silva (2002) ressalta que a exploração não predatória das piaçavas, por meio do manejo sustentável, além de preservar o meio ambiente, pode vir a ser um modelo de exploração sustentável, considerando que a planta não é sacrificada durante o processo de extração da matéria-prima.

5.7.1 Captive breeding/Artificial propagation
Situação: on going
Observações: A espécie é cultivada no Jardim Botânico Plantarum (Instituto Plantarum, 2011).

5.7 Ex situ conservation actions
Situação: on going
Observações: Existem cinco indivíduos da espécie em cultivo no Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Leitman, com. pess.).

Usos

Referências

- PINTAUD, J. C. An Overview of the Taxonomy of Attalea (Arecaceae). , 2008.

- RBMA. Recursos Florestais da Mata Atlântica in Conselho Nacional Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Disponivel em: <http://www.rbma.org.br/anuario/mata_11_recursos_florestais.asp>.

- ZONA, S. Additions to "A Review of Animal-mediated Seed Dispersal of Palms. Disponivel em: <http://www.virtualherbarium.org/palms/psdispersal.html>. Acesso em: 18 de Maio de 2012.

- LEITMAN, P.; HENDERSON, A.; NOBLICK, L. ET AL. Arecaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/>. Acesso em: 13 março 2012.

- VOEKS, R. A. Reproductive Ecology of the Piassava Palm (Attalea funifera) of Bahia, Brazil. Journal of Tropical Ecology, v. 18, p. 121-136, 2002.

- ANDREAZZI, C. S.; PIRES, A. S.; FERNANDEZ, F. A. S. Mamíferos e Palmeiras Neotropicais: Interações em Paisagens Fragmentadas. Oecologia Brasiliensis, v. 13, n. 4, p. 554-574, 2009.

- LORENZI, H.; NOBLICK, L.; KAHN, F. ET AL. Flora Brasileira - Arecaceae (Palmeiras). Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2010. 384 p.

- FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS. Revisão da lista da flora brasileira ameaçada de extinção. Belo Horizonte, MG: FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA, 2005.

- INSTITUTO PLANTARUM. Acervo Vivo: Jardim Botânico Plantarum. Disponivel em: <http://www.plantarum.org.br/jardim-botanico>. Acesso em: 13 de Março de 2012.

- GUIMARÃES, C. A. L. Piaçava da Bahia - Attalea funifera Martius.

- SILVA, L. A. M.SIMÕES, L. L.; LINO, C. F. Piaçava - 500 Anos de Extrativismo. São Paulo, SP: SENAC São Paulo, 2002.

- MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Instrução Normativa n. 6, de 23 de setembro de 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção e com deficiência de dados, Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2008. Seção 1, p.75-83, 2008.

Como citar

CNCFlora. Attalea funifera in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Attalea funifera>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 31/05/2012 - 19:08:54